7/7/10

Noturno esperando ônibus...

Escrevi este micro-conto para um concurso literário, da editora gato negro. Não fui selecionado, por isso, 'publico' aqui:

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Aconteceu de eu estar, como sempre, escorado em um ponto de ônibus. Não digo que estava ‘obviamente’ esperando um ônibus, pois isso significaria subestimar você, leitor. Eu poderia, como tantas vezes, estar esperando outra coisa, que não um ônibus. Não era o caso. Eu estava mesmo esperando um ônibus.

Era uma dessas agradáveis noites de fim de inverno em Curitiba. Sempre quis escrever uma frase destas: “Era uma dessas agradáveis noites de fim de inverno em Curitiba”. Mais por força de estilo, mas calhou de esta ser mesmo uma dessas noites.

Alguns minutos antes do ônibus chegar, eu diria 15 minutos antes, mas talvez seja menos, o tempo sempre se arrasta antes de um ônibus chegar, a menos que ele chegue na hora, ela entrou na fila.

Por “ela”, já imaginando que esteja claro para você que “ela” seja uma questão central nesse escrito (apesar de não necessariamente o ser), entenda um aglomerado de três ou quatro mulheres, ruidosas, em que ela, sim, “ela”, se destacava. Não só pelo seu ruído em particular, mas pelo olhar de altivez que caracteriza o tipo que ela encarnava.

Não conseguia entender o que ela dizia. Nem suas companheiras, que talvez fossem amigas, mas era difícil saber. Não me importou o suficiente para que eu tirasse os fones, ou desligasse a música. Ou ambos.

Nesta noite, bastou-me poder olhá-la até que um de nós dois chegasse a seu ponto. O final.

1 comment:

Unknown said...

Que bom que não foi selecionado, sinal que você ainda tem os direitos sobre seu próprio conto, inclusive o direito de publicá-lo aqui, ficou ótimo. E como você me disse um dia... é escrevendo que refinamos noss estilo!