12/14/08

sobre as mulheres...

como não tenho tido idéias para postar aqui, resolvi criar um mini-portifófio.

esses dois textos mostram um pouco da work in progress que é o texto sob encomenda. a idéia era fazer uma apresentação de uma exposição sobre o corpo feminino e seu lugar no mundo.

na minha primeira versão, achei que eram apenas mulheres que exporiam [o brieffing não estava muito exato nesse sentido], e o que escrevi foi isso:

O corpo delas no mundo

Antes de termos tido nossas mentes encaixotadas pelo machismo ocidental predominante nos últimos dois milênios, nós, homens, reverenciávamos esse outro ser. No caso, essa outra ser. Em parte porque não entendíamos como um animal poderia sangrar por vários dias e não morrer (além de, ocasionalmente, gerarem vida) e parte por que elas cheiravam muito melhor, mesmo naquela época. E, por sermos mais espertos nesses tempos antigos, o que não compreendíamos transformávamos em divindade e adorávamos. Adorar as mulheres era uma atitude consideravelmente mais esperta que adorar, digamos, o fogo. Porque, além delas não queimarem nossas mãos, elas são muito mais bonitas, macias e... eu já mencionei o cheiro?

Desde então, no fundo, no fundo, a maior parte de nossa existência como machos foi tomada pela necessidade de compreendê-las (o que envolve apalpar, na maioria dos casos). Elas sabem que, mesmo com muito esforço, nós nem arranharíamos a superfície de tudo o que significa ser mulher. Bom para elas que, desconfio, adoram esse ar de mistério que lhes é peculiar e natural. Péssimo para nós, que continuamos a ter mais e mais dúvidas, ainda que nos mantenhamos fiéis (os verdadeiros machos) na adoração às nossas deusas.

E já que cada concavidade, convergência, curva, reta, morro, vale, sombra, luz, som, silêncio, essência, textura, cor, movimento que esses misteriosos seres produzem, fazem, exalam, refletem, emitem é, automaticamente, uma poesia, que belo é presenciar como algumas das mais inspiradas representantes do gênero enxerga o seu corpo, o corpo das outras e como tudo isso se configura em nesse imenso espaço-mundo.

E eu, enquanto macho que me prezo, só posso ficar feliz e encantado com um mundo em que as mulheres podem mostrar e pôr à prova as possibilidades de significado que seus (na maioria das vezes, belos) corpos evocam.


depois de esclarecido, devidamente, o fato de que homens estariam expondo [-se], fiz essa segunda versão, que mantém 90% do original:

O pecado original

Antes de termos nossas mentes encaixotadas pelo machismo ocidental predominante nos últimos dois milênios, nós, homens, reverenciávamos esse outro ser. No caso, essa outra ser. Em parte porque não entendíamos como um animal poderia sangrar por vários dias e não morrer (além de, ocasionalmente, gerarem vida) e parte por que elas cheiravam muito melhor, mesmo naquela época. E, por sermos mais espertos nesses tempos antigos, o que não compreendíamos transformávamos em divindade e adorávamos. Adorar as mulheres era uma atitude consideravelmente mais esperta que adorar, digamos, o fogo. Porque, além delas não queimarem nossas mãos, elas são muito mais bonitas, macias e... eu já mencionei o cheiro?

Desde então, no fundo, no fundo, a maior parte de nossa existência como machos foi tomada pela necessidade de compreendê-las (o que envolve apalpar, na maioria dos casos). Elas sabem que, mesmo com muito esforço, nós nem arranharíamos a superfície de tudo o que significa ser mulher. Mas, isso não as impede de tentar nos revelar um pouco de suas essências e que nós tentemos traduzir o que significa entrar em contato com esses corpos que, desde antes do nascimento, já conhecemos intimamente.

E já que cada concavidade, convergência, curva, reta, morro, vale, sombra, luz, som, silêncio, essência, textura, cor, movimento que esses misteriosos seres produzem, fazem, exalam, refletem, refratam, emitem e omitem é, automaticamente, uma poesia, que belo é presenciar como algumas das mais inspiradas representantes do gênero enxerga o seu corpo, o corpo das outras e como tudo isso se configura nesse imenso espaço-mundo. E, além das meta-obras, também entraremos em contato com outros que, como eu, arriscam se manifestar em relação aos corpos que nos colocaram no mundo.

E eu, enquanto macho que me prezo, só posso ficar feliz e encantado com um mundo em que as mulheres podem mostrar e pôr à prova as possibilidades de significado que seus (na maioria das vezes, belos) corpos evocam.

no final das contas, o pessoal gostou tanto que fizeram um mini-banner com o texto que ficou quase como uma das obras da exposição, o que muito me envaideceu:

tá, eu sei que falta um "A" e que eles uniram dois parágrafos. mas o gesto foi muito bonito, vai...

12/2/08

ficção científica...

saudade do tempo em que o futuro eram luzes piscando...