5/22/09

Ressaca...

Esse texto é para o folder do projeto "Segunda tem Cinema". Mais detalhes aqui: http://hojetemcinema.wordpress.com/

[o texto abaixo está no folder distribuído durante a apresentação]

Estar de ressaca, em muitos sentidos, quer dizer que aproveitamos uma grande euforia por alguns instantes e, depois, temos que lidar com as consequências desses atos. Significa ter planos e adiá-los até o ponto em que sua não realização nos atinge como uma bala de canhão. Significa acreditar em seu próprio potencial, mas não realizar nada de verdade por medo de que a única coisa real seja sua própria fé nesse potencial.

Tanto o filme quanto o livro Alta Fidelidade (High Fidelity, de 2000, o filme, dirigido por Stephen Frears, o livro escrito por Nick Hornby) falam de chegar a um ponto da sua vida e não ter realizado nada de concreto. E isso gera uma imensa ressaca. Não por acaso o herói da história está, em geral, em casa reorganizando seus discos, na loja em que possui e passa o dia afugentando clientes com gosto musical ruim ou em um típico pub inglês.

Mas, afinal, acabar com a ressaca significa, necessariamente, amadurecer?

Muito da força da história está em não querer responder essa pergunta. Mesmo com algumas pequenas mudanças estruturais do livro para o filme, Rob (Gordon ou Fleming, a gosto do freguês) dá alguns passos tímidos em relação a assumir seu relacionamento, a expandir os negócios, mas, felizmente, não temos aqui aquele momento catártico típico das produções que vão direto para a Sessão da Tarde. Rob, pelo menos no que concerne a esse humilde jornalista, toma uma atitude em relação a sua vida não por ter colocado tudo em perspectiva e descoberto o quanto ele foi mal com as outras pessoas.

Ele dá tímidos passos a frente simplesmente porque está cansado de ouvir de seus pais, de sua [ex-] namorada e de seus amigos o quanto ele poderia ser e não é. Não existe iluminação nem nada do gênero. Só um homem que não entende muito bem em que errou no passado, se é que errou.

Alta Fidelidade (nome que funciona muito bem nas duas línguas) diz respeito tanto à loja e a coleção de discos (além, claro, da obsessão com música, que acaba permeando todo o filme), quanto de se manter fiel a si e a seus próprios sonhos. E isso, meus amigos, é muito mais real do que a maior parte das histórias que estamos acostumados a ouvir e ver.

[Texto escrito ao som do último ábum da banda Móveis Coloniais de Acaju, C_mpl_te, baixado legalmente no site da Trama Virtual]

5/2/09

O inferno...

...é uma festa de brancos de classe média ao som de hip hop feito por brancos de classe alta...