3/14/07

jornal...

Ontem (13/03/07), durante o Jornal Nacional, eu percebi duas coisas. Ambos os apresentadores, depois de apresentar uma reportagem sobre a crescente onda de violência no Brasil, uma mais animadora e outra mais triste, fizeram uma pequena pausa, demonstrando, claramente, em seus rostos, um pouco de animação, um, e um pouco de tristeza, outro.

Ao final da primeira notícia, a recuperação da menina Piscila Aprígio e o seu bom humor (excelente bom humor, diga-se de passagem. Nunca em minha breve existência eu vi uma menina tão nova com tantos bons fluídos e tanto otimismo), a apresentadora Fátima Bernardes não consegue disfarçar um sorriso largo. É até importante prestar atenção na forma como ela tenta suprimir um pouco da sua alegria no momento. Mas é visível sua satisfação com o otimismo da menina.

A outra notícia que causou um impacto nos apresentadores foi o famigerado tiroteio na porta (dos fundos) de uma escola. Na apresentação da nota-pé, Willian Bonner ‘engole em seco’ e, por um breve segundo, com um simples olhar, ele nos mostra o quão está indignado com toda essa onda de violência.

É importante, pelo menos para mim, esse pequeno gesto dos apresentadores. É importante pelo simples motivo de que esses dois gestos geram significado. Na verdade eles geram mais significado do que a maior parte dos outras notícias. É importante por, talvez, ajudar as pessoas perceberem que a objetividade jornalística já está virando um vício, mais ainda, um vício perigoso. Afinal, é muito bom perceber que não são robôs pré-programados que estão por trás do balcão dos telejornais.

O caso é que se mais vezes fosse demonstrado subjetividade nos jornais brasileiros as pessoas iam se dar conta de que o não há verdade absoluta (e talvez eu não fosse obrigado a ouvir de minha avó que “é verdade sim, eu vi no jornal”). E aí sim seria possível que as pessoas fossem começar a pensar por si próprias. E não deixar que a mídia pensasse por elas.

Mas bom mesmo seria se houvesse uma inversão de papéis na produção de sentido. Aí teríamos a objetividade a serviço da subjetividade. E não o contrário. E o engraçado é que é possível que, se isso acontecesse, os jornais não perdessem audiência, quem sabe até ganhassem. Mas mudar é difícil.

3/8/07

os meio conhecidos...

que eu tenha notícia, não há figura pior, nos trâmites de dia-a-dia, que o surgimento de um meio conhecido.
o meio conhecido é aquele tipo que surge uma somente muito de vez em quando, que você já trocou uma ou duas palavras em uma festa longíngua, mas que ele insiste em te cumpimentar todas as vezes que te vê.
o problema é que você, normalmente, não lembra seu nome, não sabe de onde ele veio, não tem nem idéia de onde se conhecem, mas sua educação familiar lhe obriga a, primeiro, sorrir para o cidadão e, segundo, responder um eventual comprimento.
mas ele não se dá por satisfeito, não! ele tem que vir perto de você, puxar papo e te perguntar alguma coisa minimamente pessoal para, na verdade, gastar o seu tempo (o seu, não o dele) lhe falando das maravilhosas realizações dele nos últimos tempos:
- opa!
-oi...
-como você tá cara? já está trablahando?
-não eu...
-como não? você que é tão inteligente...por que eu mesmo estou nessa empresa...
e a você só resta sorrir e balançar a cabeça até que o ônibus chege a seu destino, ou que alguém te chame para outro canto da festa ou que... enfim...que Deus te salve...

3/6/07

os dias e os sonhos...

hoje eu cheguei a conclusão de que tem dias que se parecem com sonhos.
não. não é aquela associação simplista de que tem dias que são tão bons que não nos sugerem realidade.
é algo diferente. é algo na textura do dia (se é que isso existe), é como se o dia, desde seu início até o crepúsculo e além, fosse todo feito da mesma matéria que o lusco-fusco, que o ocaso.
essa é, claro, uma opinião minha. nunca comentei com niguém para saber se existe alguém que concorde comigo. e poucas vezes encontrei nas artes coisas que me trouxessem reminiscências dessa mesma sensação. me recordo agora apenas de 'asas do desejo' do win wenders.
mas a verdadeira questão é que nunca consegui entender porque esses dias existêm. porque construir um dia com toda essa matéria de ocaso, de memórias fugidias. sim, porque o mais interessante desses dias é que nós, ao tentarmos nos lembrar, não conseguimos. e essa é a grande proximidade desses dias que são feitos de seis horas com os sonhos. quando tentamos nos lembrar dos detalhes eles nos fogem. quando pensamos que lembramos, é aí que eles já se foram a muito tempo.

3/4/07

cigarro...

as vezes eu invejo os fumentes. eles sempre têm o que fazer com as mãos.