10/19/09

memórias da luta

texto que fiz para a revista dos bancários. até que achei bacaninha, mesmo com um tema tão árido...

Bancário que conhece seu passado é bancário forte!

Em 1933 o Paraná comemorava 80 anos de sua emancipação de São Paulo. O mundo estava perto de conhecer o horror nazista e Karl Marx publicava postumamente seu “A Ideologia Alemã”. 1933 também foi o ano em que os trabalhadores bancários saíram às ruas para validar sua primeira grande conquista: a jornada de trabalho de seis horas.

Até esse momento, os bancários das zonas urbanas eram obrigados a trabalhar de 7 e 30 até 18 e 30. Na zona rural era pior ainda: de 7 até 19. Os trabalhadores ficavam dentro de cofres esse tempo todo e lidavam com um dos objetos mais sujos da modernidade. O dinheiro. Esses dois fatores tornaram a categoria vítima fácil para a tuberculose e para a neurose. A primeira conquista dos trabalhadores bancários foi uma medida necessária para preservar a sua saúde.

Mas muito foi trabalhado até que esse longínquo 1933 chegasse. Mais ainda se trabalhou depois. Ao longo dos anos, através de duras lutas, a categoria bancária conquistou sua Convenção Coletiva, considerada por muitos como uma das mais avançadas do país, contando com mais de 50 cláusulas. “Os trabalhadores bancários têm uma trajetória de luta muito interessante e, não é por acaso, que foi conquistada a Convenção Coletiva de Trabalho Nacional, ou seja, o piso do bancário é o mesmo de Norte a Sul do país”, diz Elias Hennemann Jordão, Presidente da FETEC-CUT-PR e trabalhador no Bradesco, ressaltando uma das tantas qualidades do documento trabalhista.

História de conquistas

O que é alardeado pelos bancos como benefício dado ao trabalhador é fruto de anos de luta sindical. O auxílio-creche, por exemplo, só foi conquistado com uma greve em 1981. Mas, ainda assim, apenas para crianças de até 70 meses de idade. Em 1992, com outra greve, foi ampliado para 83 meses. Auxílio-refeição e vale-alimentação são conquistas das campanhas de 1990 e 1994, respectivamente.

13ª cesta-alimentação é uma conquista da luta de 2007. Nesse mesmo ano os sindicatos negociaram o pagamento de auxílio-educação, pelo menos para os maiores bancos (exceto Bradesco). Isso acontece porque, infelizmente, “quando se trata de negociar com banqueiros a luta precisa ser redobrada, o que é uma incoerência, pois se trata do setor que sempre obtém altos lucros, independente da situação financeira do país ou do mundo”, diz Elias Jordão. “Mais com especulação do que com produção”, completa.

Poder aquisitivo

Durante todos esses anos, o principal foco da luta foi o poder aquisitivo do bancário. De forma direta, com aumentos reais e garantia na participação dos lucros e resultados, ou de forma indireta, com a conquista dos auxílios já citados. Desde 2004, por exemplo, os bancários, graças a mobilização da categoria, vêm recebendo aumento real, ou seja, maior que a inflação.

A Convenção Coletiva da Categoria Bancária pode até ter mais de 50 cláusulas, mas a minuta de reivindicações possui mais de 100. Muito já se caminhou durante todos esses anos, mas muito ainda é preciso caminhar. “É bom lembrar aos bancários mais novos que tudo aquilo que foi conquistado com muita luta e com muita mobilização, somente se manterá também com muita luta e muita mobilização”, diz Elias Jordão.