6/29/09

De engrenagens e bobinas...

Este foi um texto que escrevi para ser encartado no folder para uma exibição do filme "A Máquina", que gosto muito, diga-se de passagem.

O problema de quando se gosta muito de uma coisa é que não rola distanciamento. ah! nunca quis ser jornalista mesmo...


A Máquina, o livro, filme, peça, não trata de engrenagens, fios, placas de metal, circuitos ou bobinas. Não é desse tipo de máquina.

A Máquina, livro, filme, peça, é de máquina-homem e máquina-mulher. Máquina-corpo. Máquina-coração, que bate mais rápido. Máquina-pulmão, que ofega. Máquina-tempo-que-não-é-do-tempo. Máquina-mundo. Máquina-eu. Máquina-você. Máquina-antônio-e-karina. Máquina-amor.

A Máquina, livro, filme, peça, tem haver com tempo. Tem haver com confundir tempo de horas com tempo de chuva. Porque A Máquina, livro, filme, peça, é sobre palavras. E olhe que nem entra nessa bagunça de dizer que ‘no princípio havia o Verbo’.

A Máquina, livro, filme, peça, é sobre torcer o mundo. A Máquina-mundo. Para funcionar de um jeito bonito de se ver, fazendo o povo todo rir que só vendo com todas essas coisas bobas de amor que a gente morre de vergonha de dizer que sente.

A Máquina, livro, filme, peça, é sobre um menino e uma menina. O menino quer a menina e a menina nem sabe que quer o menino. Mas a menina quer o mundo e o menino, que não é besta nem nada, vai lá buscar o mundo para a menina que isso não é serviço pra moça daquela idade.

A Máquina é livro porque é palavra. A Máquina é peça porque é emoção de verdade. A Máquina é filme porque é imagem.

A Máquina, o livro, o filme e a peça, é tudo isso e se você quiser, pode ser ainda mais.

7 comments:

Anonymous said...

Adoro.

Unknown said...

...e acima de tudo a Máquina é poesia, muita poesia, diga-se de passagem!

E sobre twitteratura: Esse(mini-conto) é ótimo mesmo, mas nunca pensou em criar o seu? Vamos lá, estou esperando...

Unknown said...

Ah! Adorei! E isso tambem é twitteratura! Hahahahahaha
Beijo

said...

Menino, fui ao Rio recentemente e queria morar numa livraria imensa que tinha lá no Leblon ao ver dois livros, lembrei de ti: Cabeça Tubarão e A Elegância do Ouriço. :)

Fico devendo a leitura dos dois ainda. Não comprei mesmo pq acabei comprando tanta coisa, que já não cabia mais nada. :(

Anonymous said...

tanto tempo tomado com "chatitudes" sem fim... este trabalho que te rouba do mundo e te traz pra mim. Pelo menos assim te vejo sério, argumentando, bravo, bocejando, desorientado, discordando, encurralado com tantas tarefas e abusando de ironia. Entra o dinheiro na conta e prometo, você volta...

Antonio Ugá | Desventura.org said...

Olá, respondi seu comentário no meu blog. Muito obrigado por ter gostado.

Abração

Unknown said...

tô numa saudade docê. cê nunca vem por essas bandas de cá, não!?